RECONSTRUINDO E DESCONTRUINDO O SELF:
MECANISMOS COGNITIVOS NA PRÁTICA DA MEDITAÇÃO
MECANISMOS COGNITIVOS NA PRÁTICA DA MEDITAÇÃO
Cortland J. Dahl, Antoine Lutz e Richard J. Davidson
Quadro 1. Formas de Meditação Atencional
Em ambos contextos tradicional e clínico, a capacidade de sustentar uma consciência aguçada de pensamentos, comportamentos, emoções e percepções é vista como a característica central da meditação de atenção plena [18,20,28,96-98]. Apesar da considerável discussão com respeito à natureza exata da prática de atenção plena e sua relação com seu construto de atenção plena em abordagens do budismo tradicional [28,99-102], há uma concordância geral de que o processo cognitivo a que nos referimos como metaconsciência desempenha um papel fundamental em um amplo espectro de práticas de meditação. Seguindo nossa categorização publicada anteriormente [11], aqui nós propomos duas categorias principais de meditação atencional, juntamente com duas novas subcategorias que permitem uma discussão mais sutil de estilos diferentes de prática nesta família.
Atenção focada (AF) – Práticas de atenção focada envolvem um estreitamento do escopo da atenção e o cultivo da concentração focada em um único objeto [11,48]. A presença de metaconsciência distingue a estabilidade atencional atingida por meio desta forma de meditação das outras formas de absorção, como atenção estável, que ocorre quando alguém está engajado em uma conversação envolvente ou jogando um jogo interessante.
Monitoramento aberto (MO) – As práticas de monitoramento também envolvem o cultivo da metaconsciência, mas elas não envolvem a seleção de um objeto específico para orientar a atenção do indivíduo. Ao contrário, o escopo de atenção é expandido para incorporar o fluxo de percepções, pensamentos, conteúdo emocional, e/ou consciência subjetiva. A meditação MO pode ser dividida em monitoramento aberto orientado pelo objeto, que envolve dirigir a atenção do indivíduo a quaisquer pensamentos, percepções e sensações que entrem no campo da consciência, e monitoramento aberto dirigido à consciência, referindo-se ao reconhecimento sustentado da qualidade do saber da própria consciência. Ambos os tipos de meditação de monitoramento aberto são similares de muitas maneiras às práticas discutidas abaixo no contexto da família desconstrutiva. O que os distingue das formas de meditação desconstrutiva é que seu objetivo primário é a estabilização da metaconsciência em relação a uma configuração atencional particular. Como veremos abaixo, na família desconstrutiva, uma configuração semelhante de atenção pode ser empregada, mas para propósitos diferentes (como o cultivo do insight sobre a natureza da experiência sensorial, por exemplo).